05/06/2012

"Amar" - análise

O Poema
Segue o link e ouve o poema "Amar" na voz de Kátia Guerreiro.

http://www.youtube.com/watch?v=JrvOtMTeW8E

Agora, lê o poema.
Seguidamente atenta na análise do poema, pois esta ajudar-te-á a fazer outras análises no futuro.





Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

 Florbela Espanca

UMA ANÁLISE POSSÍVEL


Na obra poética de Florbela Espanca, o amor é visto de uma forma arrebatadora e a busca pelo mesmo é desenfreado tornando-se necessidade vital, o qual gera um prazer de viver amando constantemente. Florbela neste soneto faz uma alusão ao tempo presente, dando voz a um Eu consciente em relação à fugacidade do tempo e por isso, utiliza a temática da expressão carpe diem para exigir o seu direito de amar, como é perceptível no seguinte trecho:
“ Eu quero amar, amar perdidamente!”
Tem-se no soneto a representação de um Eu feminino livre das imposições sociais a proporção em que expressa sua vontade de poder amar várias pessoas sem ter que se prender a alguém:
“Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!”
Como se sabe a primavera poder ser usada como metáfora da juventude. Assim pode se fazer uma leitura dos versos florbelianos da seguinte maneira: é imprescindível aproveitar a juventude, enquanto somos jovens.
Florbela Espanca ao usar tal expressão já mencionada, argumenta e se posiciona de forma contrária a afirmação de que o amor tem que ser eterno:
“Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!”
 Pode-se fazer uma comparação no que diz respeito ao significado da expressão carpe diem com o poema Amar respectivamente nos primeiros versos do primeiro terceto:
“Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida, [...]”
Portanto, pode-se afirmar que o poema Amar traz a representação de uma mulher sensual, erótica, que exterioriza através do poema suas inquietações no que diz respeito às limitações dadas a mulher em seu contexto:

"E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...”

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